quarta-feira, 13 de maio de 2009

Para alguma compreensão do design industrial em França

 

O “Centre de Creation Industrielle” (CCI), iniciado em 1969, em França, e que a partir de 1976 funciona no Centro Pompidou em Paris, tem um importante papel de relevo na preocupação dos franceses pelo design industrial, começado somente a partir 

do início dos anos sessenta, ao invés de outros países da Europa em que a atenção pelo design industrial já se tinha iniciado mais cedo.

Ao contrário daquilo que, à partida, se poderia imaginar, o grande desenvolvimento que a cultura francesa tinha no campo das belas artes, das ciências, da filosofia e até da moda, em nada influenciaram no design. Talvez a isto se deva também o facto da França não ter tido uma economia muito baseado no “export”, mas mais virada para o próprio consumo interno. Ao contrário, por exemplo, da produção industrial dos Estados Unidos, com um grande mercado e de enorme expansão, os produtos franceses não tinham a mesma implantação, nem incentivavam a uma maior expansão. No entanto, com a falta de concorrência que os produtos franceses tinham, pela sua produção mais reduzida, e face à grande diversidade de oferta no mercado de produtos variados e em grande quantidade, os franceses distinguem-se sobretudo por aquilo que mais valorizavam e que os caracteriza: a enorme qualidade dos seus produtos.

Mas os tempos mudavam-se, forçados também por um movimento de globalização cada vez maior, ao passo que a própria economia francesa também se reestruturava,  e uma nova determinação juvenil acabava por afirmar-se cada vez mais. À preocupação da supremacia pela qualidade, vem associar-se o cuidado maior pela dimensão estética, também agora a começar a abranger a produção industrial com uma importância significativa, e até decisiva, não só para a própria França. mas também para os outros países. Na verdade, nos anos 30, com a Art Decô, a França tinha vivido o seu primeiro tempo áureo nas artes decorativas e na arquitectura, que  influencia até os dias de hoje o design francês, como é patente nos exemplos expoentes de Philippe Stark ou Garoust & Bonetti.

Em 1930, o pintor e designer Jacques Vienot, tem a iniciativa de pôr em prática as ideias da Bauhaus e de Le Corbusier. Nos finais da década, declara já a ideia de aliar a arte à produção industrial, seguindo, não as ideias da Bauhaus e de Le Corbusier, mas  o modelo do design comercial dos Estados Unidos.

Esta preocupação pelas questões de design industrial, de forma já significativa, a partir dos anos 60 em França, deve-se de modo decisivo a Jacques Vienot, que morre em 1959, mas que, em 1951, fundou em Paris o “Institut d’Estetique  Industrielle”, onde se tratavam e ensinavam  os padrões técnicos e estéticos do design industrial francês. O “Institut d’Estetique Industrielle” começa a publicar uma revista especializada em design, que a partir de 1966 se designa de “Design IIndustry”. Os bons resultados e influência deste instituto na sensibilização, preparação, formação, desenvolvimento e crescimento do design industrial em França, leva, inclusivamente, a que o próprio governo francês apoie, a partir dos anos 60, o desenvolvimento do design industrial.

Em 1970, é inaugurado em Paris o “Centre Pompidou” que, em 1971, em conjunto com o Ministério da Indústria e do Desenvolvimento Científico, cria o Alto Concelho do Design. Mais tarde, em 1976 começa então também ali a ter lugar permanente e efectivo o “Centre de Creation Industrielle”. No entanto, a sensibilização e adesão da sociedade francesa às novas perspectivas trazidas pelo design industrial, não tinha efeitos assim tão rápidos, nem uma repentina e completa compreensão por parte dos franceses. Paulatinamente, iam habituando-se, mas manifestando algum espanto e estranheza perante os novos jogos de formas e cores, as linhas simplificadas para facilitar a utilização prática, a dimensão racional aplicada à da estética, e a utilização de novos  materiais, e das novas tecnologias, empregues em objectos destinados ao uso  habitual no dia a dia,  como está expresso de modo elucidativo na divertida caricatura apresentada por Jacques Tati no filme “Mon Oncle”, de 1958.

No início dos anos 80, a proximidade com a Itália, e o desenvolvimento crescente deste país no design industrial, influência directamente o design industrial em França. No Centro Pompidou, a exposição que ali é montada “Design Français 1960-1990”, apresenta o primeira grande retrospectiva do panorama do design na França e a sua significativa importância.

 

1 comentário:

  1. Tá muito GIRO

    ainda bem que está em Português..

    e seus livros vai pegar quando??

    recheia mais isso vc tem informação e potencial pra isso

    salomão

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